Selic 12,75%: o que esperar para o último trimestre do ano
04 de Outubro de 2023
O assessor de investimentos da Sicredi Serrana, Daniel Kurmann, faz uma análise do cenário e projeções para os últimos meses de 2023.
Você deve ter acompanhado que a Taxa Básica de Juros da Economia Brasileira, a Selic, caiu mais 0,5%, passando de 13,25% para 12,75% ao ano. A decisão ocorreu durante a última reunião do Copom, no dia 20 de setembro. Mas o que esta redução significa?
Conversamos com Daniel Kurmann, assessor de investimentos da Sicredi Serrana, para fazer uma avaliação do cenário e de que forma a decisão impacta no dia a dia. Nesta entrevista, ele faz um panorama econômico até aqui, analisa os impactos para o mercado e sinaliza o que podemos esperar para o próximo trimestre do ano.
Sicredi Serrana: Pode fazer um breve panorama do ano até aqui?
Daniel Kurmann: Iniciamos 2023 com um ambiente de cautela e insegurança depois de um processo eleitoral polarizado no ano passado. No início de janeiro, a projeção para a taxa Selic no final de 2023 era de 12,25%, inflação alta e baixo crescimento econômico (PIB). Neste momento, temos uma taxa Selic que está em início de um ciclo de queda, inflação próximo da meta e um crescimento econômico acima do esperado por conta do resultado do agronegócio brasileiro no primeiro trimestre do ano. Já tivemos momentos mais tensos e incertos este ano, mas até o momento vai caminhando para números acima das projeções do mercado.
Sicredi Serrana: A partir desta análise, já era esperada esta nova queda da taxa?
Daniel Kurmann: A queda de 0,50 pontos na última reunião do Copom veio alinhado com o que o mercado financeiro esperava, muito por conta de os modelos econômicos de inflação apontarem para uma reancoragem, ou seja, as projeções de inflação cada vez mais próximas do projetado. Os dados de inflação têm vindo conforme o esperado pelo mercado ou um pouco abaixo, e isso é bom. Sinal de que o remédio para baixar a inflação – que é uma taxa de juros alta – está fazendo efeito.
Sicredi Serrana: Como a última taxa Selic impacta o mercado?
Daniel Kurmann: Vivemos neste momento um ciclo de queda da Selic. Quando isso acontece os principais efeitos são no crédito, que tende a reduzir taxas – pegar dinheiro emprestado tende a ficar mais barato. Também há um impacto nos investimentos, principalmente os de renda fixa, que são aquelas aplicações atreladas à taxa Selic. Estas, de agora em diante, terão menor rentabilidade – suas aplicações de renda fixa como CDB, LCA e LCI tendem a render menos. De maneira geral, para a economia, a queda é saudável, pois estimula o ambiente de negócios. Dinheiro mais barato encoraja as pessoas e empresas a consumir mais e assim gerar mais impostos, empregos e qualidade de vida.
Sicredi Serrana: Teremos mais duas reuniões em 2023 (31.10 e 01.11 / 12 e 13.12). O que podemos esperar para o final do ano?
Daniel Kurmann: As projeções apontam que terminaremos o ano com uma taxa de juros de 11,75% ao ano, com mais dois cortes de 0,50 pontos em cada reunião. Vale observar que a projeção lá no início do ano era de 12,25%, ou seja, está caindo mais do que o esperado. Bom para quem precisa pegar dinheiro emprestado e nem tão bom assim para o investidor de renda fixa.
Sicredi Serrana: Com base nisso, o que os associados devem observar em relação a investimentos?
Daniel Kurmann: O investidor mais conservador, que aplica em renda fixa atrelada à Selic, precisa entender que agora inicia-se um ciclo onde suas aplicações tendem a render menos. Mas as projeções apontam que temos ainda uma janela de 12 meses pela frente com uma rentabilidade média de cerca de 10%, o que não é ruim! Já os investidores com perfil moderado e arrojado podem capturar oportunidades em outros mercados.
Sicredi Serrana: Quais são os melhores produtos para quem quer investir neste último trimestre? Quais são as oportunidades?
Daniel Kurmann: Quando a renda fixa atrelada à Selic fica menos atrativa, os investidores começam a buscar outras opções no mercado. Para conservadores, o Sicredinvest prefixado com prazos mais longos (2 ou 3 anos) e o fundo Sicredi Crédito Privado podem ser alternativas. Para moderados e arrojados, Sicredi Inflação Curta e Sicredi IPCA +, e Sicredi Debentures Incentivadas são alternativas atreladas à inflação. Já para os mais arrojados, produtos atrelados à renda variável podem ser opção, como o Sicredi Schroders Ibovespa e o Sicredi Ações ESG.
*Atenção: esta NÃO é uma recomendação de investimentos. Fale com seu gerente ou com um de nossos especialistas.
Sicredi Serrana: Qual a sua recomendação para quem já é investidor? É momento de diversificar a carteira de investimentos, fazer mudanças?
Daniel Kurmann: Uma coisa é certa: a Selic vai continuar caindo. Certo também é que no ambiente global ainda há muitas incertezas que podem acabar afetando o Brasil, portanto uma carteira de investimentos equilibrada e aderente ao seu perfil de investidor é salutar neste momento. Mudanças podem ser feitas, com cautela e assessoramento de um profissional de sua confiança. Conte conosco!
Sicredi Serrana: Já é possível fazer alguma previsão para 2024?
Daniel Kurmann: Previsões podem ser feitas a qualquer tempo, mas quanto mais longo for o prazo da projeção, maior a chance de erro. De qualquer forma, o mercado projeta, hoje, uma Selic de 9,00% para o final de 2024. Uma curiosidade é que em todos os últimos ciclos recentes (últimos 20 anos) de queda da Selic, a taxa caiu mais do que as projeções apontavam. Essa informação pode ser relevante para o investidor que deseja capturar movimentos de marcação a mercado através da diversificação de sua carteira.
Sicredi Explica
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